domingo, 4 de abril de 2010

Palavras sem direcção…

Domingo de Páscoa – o dia em que Deus voltou a sorrir…

Mais um acto de loucura que, desta vez, começa assim:

Acordei às 4:22h, agarrei no mp3 e estive a ouvir o Cohen. Antes das 6h, levantei-me de mansinho para dar azo ao meu vício mais estúpido: fumar – numa janela do outro lado da casa. Quis ver as estrelas, mas a única luz natural era a de uma lua triste e embaciada.

Tem razão quem o afirma – sou uma lutadora. À minha própria maneira.

(embora, para o meu gosto, tenha vulnerabilidades insuportáveis.)

Aliás, diz quem disso percebe que, dadas as minhas vivências e inexistências, teria sido possível eu cair, cedo, num de dois limites: ser completamente loira ou psicótica. Asseguram-me que a minha resistência e capacidade de renovação me salvaram. Eu, cá por mim, coisa ignorante e insatisfeita, acho que houve uma imensa dose de sorte. Ou de azar – não me importava nada de funcionar apenas com um neurónio e de caminhar com um sorriso cretino.

A imbecilidade impede as inquietações e tem uma vaga ideia das mágoas.

O meu percurso fugiu ao modelo habitual. Começou logo desde o início – nasci de rabo. A minha passagem para o mundo foi dolorosa para a minha mãe e, imagino, também para mim. Esta originalidade deve ter-me provocado uma estranheza aflita. Estive 24 horas de pernas para o ar. O meu pai, quando me viu, teve um baque. E, enquanto não lhe disseram, garantiram, juraram que seria provisório, convenceu-se de que eu passaria o resto da vida com os pés apontados para o céu…

Sou quieta e solitária. Por força de ausências presentes – repetitivas, constantes -, acabei por achar que era assim mesmo, um padrão do meu percurso, e fiz do isolamento uma opção. Um bocado aquela coisa: antes estar só, mesmo contrariada e mal, do que acompanhada e desamparada. Desta forma, não há o problema das expectativas e sabe-se com o que se conta. Bom, mais ou menos…

Editarei estas pequenas confissões e opiniões?

(Qual o sentido de tudo isto? Enviá-las-ei directamente para a reciclagem? Ou serão motivo de escárnio e mal-dizer? Ou, pelo contrário, terei um(a) leitor(a)/ouvinte atento(a), disponível e compreensivo(a)? Ou nada disto?)

Sabê-lo-ei alguma vez? Se forem parar ao blogue, não cortarei uma vírgula (eu) sequer. Sou genuína. Destemida, louca, imprudente, confiante, imprevisível – e o contrário também. Ambivalente.

Depois de uma semana de tempo incerto, agora o sol brilha.

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