segunda-feira, 12 de abril de 2010

Homenagem aos Pais...

Querido filho,

O dia em que este velho não for o mesmo, tem paciência e, por favor, compreende-me.

Quando deixar cair comida sobre a minha camisa e me esquecer como se apertam os sapatos, tem paciência comigo e lembra-te das horas que passei a ensinar-te a fazer as mesmas coisas.

Se, ao conversares comigo, eu repetir as mesmas histórias, que sabes como terminam, não me interrompas e ouve. Quando eras pequeno, para que dormisses, tive que te contar milhares de vezes a mesma história até que fechasses os olhinhos.

Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer as minhas necessidades, não fiques com vergonha. Compreende que não tenho culpa, pois já não as consigo controlar. Pensa nas vezes em que, pacientemente, mudei a tua roupa para que estivesses sempre limpinho e cheiroso.

Não ralhes se eu não quiser tomar banho. Sê paciente comigo. Lembra-te dos momentos em que te persegui e os mil pretextos que inventava para te convencer a tomar banho.

Quando vires a minha inutilidade e ignorância face às novas tecnologias que já não consigo entender, suplico-te que me dês o tempo necessário e que não me humilhes com um sorriso sarcástico.

Lembra-te de que fui eu quem te ensinou muitas coisas. Comer, vestir e enfrentar a vida tão bem como o fazes hoje. Não te esqueças de que tudo isto é resultado do meu esforço e da minha perseverança.

Se, por acaso, enquanto conversarmos, eu me esquecer do que estávamos a dizer, tem paciência e ajuda-me a lembrar. Talvez a única coisa importante para mim naquele momento seja o facto de te ver perto de mim, dando-me atenção, e não o assunto da conversa.

Se alguma vez eu não quiser comer, insiste com carinho. Assim, tal qual como fiz contigo. Compreende que, com o tempo, não terei dentes fortes nem agilidade para engolir.

E quando as minhas as pernas falharem por estarem cansadas, e eu já não conseguir equilibrar-me, dá-me a tua mão, com ternura, para me apoiar, como eu fiz quando tu começaste a caminhar com tuas perninhas tão frágeis.

E se algum dia me ouvires dizer que não já quero viver, não te aborreças comigo. Um dia entenderás que isto nada tem a ver com teu carinho ou com o quanto te amo. Compreende que é difícil ver a vida a abandonar lentamente o meu corpo, e que é duro admitir que já não tenho vigor para correr ao teu lado ou para te segurar nos meus braços, como dantes.

Sempre quis o melhor para ti e sempre me esforcei para que o teu mundo fosse mais confortável, mais belo, mais florido. E quando partir, podes estar certo de que construirei para ti outra rota noutro tempo, mas estarei sempre contigo e zelando por ti.

Não te sintas triste ou impotente por me ver assim. Não me olhes com cara de dó. Dá-me apenas o teu coração, compreende-me e apoia-me como fiz quando começaste a viver. Isso dar-me-á força e muita coragem.

Da mesma maneira que te acompanhei no início da tua jornada, peço-te que me acompanhes para terminar a minha.

Trata-me com amor e paciência e eu devolver-te-ei sorrisos e gratidão, com o imenso amor que sempre tive por ti.

Atenciosamente,

O teu Pai.

(Recebido por mail, desconhecendo-se a autoria. Adaptado do brasileiro.)

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