segunda-feira, 4 de março de 2013

Redenção...



"A vida é um calvário. Sobe-se ao amor pela dor, à redenção pelo sofrimento"

Abílio de Guerra Junqueiro


Sem dor, não há amor. Sem sofrimento não há redenção. Se não cairmos nunca teremos oportunidade de aprender a levantar-nos.

Percebi, finalmente, a importância do perdão. É um processo complexo. Ambivalente. O perdão implica aceitação, compreensão e, acima de tudo, uma instrospecção feroz do nosso íntimo mais profundo.

Não se trata apenas de justificar as acções da outra parte. Não se trata, sequer, de justificar coisa nenhuma e é isso que o torna tão difícil de alcançar. A meu ver e de acordo com a minha experiência, tem a ver com o olharmos para dentro de nós da mesma forma que olhamos para os outros ou vice-versa.

O ser humano é o único capaz de se fazer valer de juízos de valor ao desbarato. Sempre que o faz – acredito – renega uma parte de si mesmo que está calcada no recôndito do seu ser. Ou seja, é um pouco o reflexo de si próprio.

Só tem o poder de nos magoar todo aquele a quem dermos esse poder. Dito assim parece fácil. Mas a receita é exclusiva e única para todo e qualquer um de nós: a auto-estima.

Não posso dizer que seja uma pessoa propriamente vivida. Mas posso congratular-me por já ter vivenciado o suficiente para concluir os sentimentos e aprendizagens que transponho nestas palavras.

O processo de perdão é extraordinariamente enriquecedor porque nos permite conhecer melhor o âmago das nossas dores e mágoas, trabalhá-las e compreender que para tudo há uma justificação, ainda que muitas vezes para nós seja inverosímil, incompatível ou desadequada. E é aqui que a aceitação tem um papel preponderante. Porque nos ajuda a aceitar o outro tal como é dando-nos a possibilidade de, com novas ferramentas, saber lidar com essas características.

Todos nós, sem excepção, ao longo das nossas vidas, fazemos mal a alguém. Não porque o desejemos; não porque o premeditemos. Apenas e só porque esse alguém, pelos mais diversos motivos, o permite e, eventualmente, alimenta. As expectativas servem apenas e só para serem goradas e contribuir para uma frustração por vezes desmesurada.

Quando perdoamos alguém esse alguém não é, na minha opinião, o outro lado do olhar mas sim o outro lado do espelho – o nosso próprio reflexo ou sombra. Quando conseguimos alcançar esse estadio abrimos uma porta de tolerância e compreensão que nos elevam a um estado de redenção: um renovar que nos lava a alma e abre em nós janelas que nunca mais se fecham.
Eu já fui perdoada e já perdoei. É um dos melhores presentes que podemos oferecer a nós mesmos!

2 comentários:

Vírgula disse...

Querida miúda, muito bem. Parabéns!

Sejamos pragmáticas: podias pedir a equivalência a Filosofia, davas um aulecas e ias parar ao governo...

P.S.(salvo seja - viva NUNO) Brincadeirinha estúpida. A tua verticalidade genética é uma qualidade que admiro e adoro. Esquece... :-)

Ponto de Interrogação disse...

:-) Obrigada querida miúda! :-)

Ia parar ao governo para quê? Para me estragar? Naaaaaahhhh... Prefiro continuar assim: verticalinha!

Quanto ao "Esquece" não percebi... Esqueço o quê? Que a minha "verticalidade genética é uma qualidade que admiras e adoras"? Isso é que era bom! Não posso esquecer quando a nossa genética é tão semelhante! :-P