Gostei de te ver. Gostei de saber de ti.
Mas cada hora que passa faz-se tarde.
O meu carinho vai-se estilhaçando e caindo, em silêncio, no caminho que ficou.
Se olhar para trás, vejo pó que, de brilhante no início, se transforma em areia seca e dorida.
Quando te encontro não entro em ti.
Ficam-me as pessoas que, por maior que seja a ausência, me continuam a ver.
A acariciar com palavras e gestos.
A acolher, com alegria e de peito aberto, o afecto que lhes tenho.
Ficam-me para sempre porque não sei se há o nunca.
Contigo é a ruína.
Desperdício penoso.
Pensei que percorríamos o mesmo trilho.
Mas quando estendi os braços não estavas lá.
Julguei-te perto, mesmo ao meu lado.
Mas estavas tão longe que as minhas mãos agarraram nada.
E nada vai entrando em mim, roubando-me a alegria.
Pergunto o que é feito dela.
Meu amigo, cada hora que passa faz-se tarde.
Vou ficando desabitada.
E por mais que goste de te ver, por mais que goste de saber de ti
Chegará o momento em que nada disso me interessará.
Estarei alheia.
E perguntar-me-ei quem és, quem foste.
Momento final.
Apenas adeus.
Até sempre, vazio de mim.
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