- Sessenta?! Tem 60 anos? – perguntei, incrédula, na sequência de uma afirmação dele.
- Hãhã. Tenho.
- Aaaah, não parece nada! Nada mesmo.
Sorriu, com ar saciado de quem ouve um elogio que reconhece.
Fiquei logo com vontade de mudar de rumo e de recorrer à troça.
- Dava-lhe p’raí uns 70, 75, talvez mesmo 80 anos…
- O QUÊÊÊ???? – arregalou os olhos e franziu o sobrolho. – A sério?
- Claro! Ia até mais para os 80…
O ar de desânimo desarmou-me – não consegui arrastar a brincadeira.
- Mentira. Estou a ‘meter-me’ consigo.
- Bolachinha malandreca, hein?
Sem desviarmos o olhar do outro, as nossas gargalhadas confundiram-se e iluminaram a brisa tépida. Assombro. Tinha encontrado uma pessoa que ria como eu.
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