Este texto surge pela nossa necessidade de dizermos aos nossos pais o que não somos capazes.
Estas palavras não são da nossa autoria mas subscrevemo-las na íntegra já que reflectem o que sentimos e, na nossa opinião, é um texto magistralmente bem escrito.
Foi retirado daqui.
Obrigada a quem o escreveu!
AMOR DE FILHA
Nem sempre somos capazes de dizer o que sentimos
àqueles que mais amamos, como se o sentimento fosse vergonhoso.
Nem sempre os gestos voam livremente.
Nem sempre o sol brilha quando chove.
E só quando elas morrem, só aí nos remoemos por as
palavras não terem saltado para onde sempre pertenceram.
Hoje, porque o sol ainda brilha e porque hoje
ainda não chove, hoje eu quero dizer-te mãe que te amo.
Só isto mãe...Amo-te.
Levo o sonho ao pensamento e vejo que os grandes
textos são sempre dedicados às mães.
Mas porque nem as minhas palavras cimentam um
grande texto nem porque o meu amor é limitado...Para mim não! Amo-te pai...Só
isto...Amo-te.
Se pudesse oferecer-vos-ia as estrelas do céu para
que nunca o nosso mundo escurecesse.
Mas vocês diriam: "Não podes filha. Não vês
que é impossível roubar as estrelas? Não vês que elas pertencem ao céu
azul?"
Não me importa que vocês não percebam a poesia e
que a liberdade é verde.
Eu posso, eu dou as estrelas e o sol e a lua e as
nuvens e tudo o que pertence ao céu pois dizem que é ai que se encontra o
paraíso.
Eu não acredito na palavra dos homens mas tu mãe
dizes que Deus se encontra no céu e eu quero acreditar em ti.
Porque tu mãe não és como eles.
És inocência que alimenta.
És pureza em ser divino.
És sonho que aconchega quando o sono vem.
Tu és mãe que com os teus beijos secam as lágrimas
que insistem em descer ao mundo dos infelizes.
Mãe de mãos suaves que puxa o cobertor para que o
frio não entranhe em mim e naquilo que sou.
Quando vivemos com os homens transformamo-nos
também em bestas sadias, em cadáveres adiados que procriam.
Mas tu não pai.
És força em gestos macios que nos acariciam nas
noites de solidão.
És folha que se mantém no ramo.
És amor que inunda em nós.
Nunca eu te vi um rosto rude, nunca eu te senti as
mãos ásperas como as mãos daqueles homens.
Pai que soma os seus abraços em braços pequenos
como os meus.
E eu pai? E eu mãe?
Era assim que me sonhavam?
Matei eu peixes sem beijos doces que os fariam
adormecer?
Eu não sei ou como costumo dizer sei lá eu...mas
deixo-vos mel para que a chávena fique sempre quente, bem quentinha como as
minhas mãos nos dias de inverno.
Obrigada...era isto...nem sempre os meus olhos,
que afinal são claros, se tornam em transparência branca de quem acorda com a
luz solar a entrar pela janela mas, se olharem para o seu interior, que afinal
não é escuro, descobrirão que eles vos devolvem os gestos segredados em
liberdade sentimental.
Era isto...dizer que vos amo mais do que tudo nesta e na outra
vida...mas também eu sou humana e, por isso, não sei se algum dia terei coragem
de vos mostrar estas palavras e o amor que as preenche...
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